Vacinação para pacientes com diabetes

O tratamento do diabetes é muito mais do que apenas controlar a glicemia. Os pacientes diabéticos têm maior risco de adquirir gripes e pneumonias. O que a maioria desconhece é que as gripes são porta de entrada para pneumonias e estas podem ser mortais para os pacientes com diabetes.

De modo a proteger esse público, preconiza-se, então, a aplicação de vacinas. O grande desafio, no entanto, é vacinar essa população. Contribuem para isso a desinformação sobre os benefícios da imunização, tanto entre pacientes como entre médicos e outros profissionais da saúde, e a baixa cobertura da atenção básica à saúde em alguns municípios, o que compromete o acesso à orientação adequada.

Para mudar esse cenário, é fundamental a promoção de grandes campanhas de saúde, não apenas para destacar os benefícios dessas vacinas para o público leigo, mas também reforçar na classe médica a importância de prescrevê-las.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), as principais vacinas indicadas para os pacientes portadores de diabetes são:

Influenza (GRIPE)

A vacina previne contra a infecção pelo vírus influenza que causa a gripe. A doença ocorre todos os anos e está entre as viroses mais frequentes em todo o mundo.

Além de prevenir que a pessoa imunizada adoeça, ela também evita que o vírus seja transmitido, o que aumenta a proteção para todos. Como citado anteriormente, a pneumonia é a complicação mais frequente e a principal causa de morte em decorrência da gripe.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), a vacina é recomendada a partir dos 6 meses de idade (duas doses únicas na primo-vacinação) e depois uma dose, por ano, até os 60 anos ou mais. Ela não é contraindicada para gestantes.

NOTA: Desde que disponível, a vacina influenza quadrivalente (4V) é preferível à vacina influenza trivalente (3V), por conferir maior cobertura das cepas circulantes. Na impossibilidade de uso da vacina 4V, utilize a vacina 3V.

Pneumocócica conjugadas (VPC10 ou VPC13)

Essa vacina previne a doença pneumocócica (DP), causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae.

A DP émais comum no inverno e se associa, frequentemente, à gripe, o que agrava o seu quadro. Ela é responsável por pneumonias, otites, meningites e infecções do sangue (bacteremia e sepse).

Sempre que possível, deve ser utilizada a vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13). Ela previne cerca de 90% das doenças graves em crianças, causadas por 13 sorotipos de pneumococos.

As crianças devem ser vacinadas o mais precocemente possível a partir dos 2 meses de idade. O número de doses dependerá da idade em que a vacinação se inicia.

As crianças não vacinadas anteriormente com a VPC13, mesmo que adequadamente vacinadas com a vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10), iniciando entre 12 e 71 meses, devem tomar duas doses de VPC13 com intervalo de dois meses entre elas.

Crianças a partir de 6 anos, adolescentes, adultos e idosos não vacinados com VPC13 devem receber uma dose de VPC13.

NOTA: O esquema sequencial de VPC13 e vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23) é recomendado, rotineiramente, para indivíduos portadores de comorbidades e/ou com 60 anos ou mais. Ele deve sempre ser iniciado com a vacina conjugada (VPC13), seguida pela aplicação da vacina VPP23, respeitando-se o intervalo mínimo de dois meses entre elas.

Para indivíduos que já receberam a VPP23 e não anteriormente vacinados com VPC13, recomenda-se um intervalo de 12 meses para a aplicação de VPC13 e de cinco anos para a aplicação da segunda dose da VPP23.

Para gestantes, a vacina é recomendada apenas quando houver presença de comorbidades ou risco epidemiológico, entre outros.

Vacina conjugada de Hib

O Haemophilus influenzae tipo b (Hib) é causador de doença invasiva, em particular, a meningite, mas também sepse, pneumonia, epiglotite, celulite, artrite séptica, osteomielite e pericardite.

NOTA: A meningite por Hib pode resultar em sequelas auditivas ou neurológicas em 15% a 30% dos sobreviventes e apresenta taxa de letalidade de 2% a 5%, mesmo com tratamento adequado.

A vacinação é indicada de rotina na infância. No entanto, algumas condições, tanto em crianças como em adultos, são consideradas fatores de risco para doença invasiva pelo Hib, entre elas, o diabetes.

A dose da vacina contra a Hib é de 0,5 mL intramuscular (IM). Uma série primária infantil é administrada em 3 doses aos 2, 4 e 6 meses de idade ou em 2 doses aos 2 e 4 meses de idade, dependendo da formulação. Em ambos os casos, é recomendado reforço na idade de 12 a 15 meses.

Uma dose é dada a crianças mais velhas, adolescentes e adultos, se não tiverem sido, previamente, imunizados.

Hepatite B

Previne a Infecção do fígado (hepatite) causada pelo vírus da hepatite B.

O risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é quase duplicado em pacientes com hepatite B crônica. Por outro lado, em pacientes com hepatite B crônica, a presença de DM aumenta em quase 60% o risco de desenvolvimento de câncer hepático (hepatocarcinoma) em comparação com pacientes sem diabetes.

A probabilidade de complicações crônicas do DM também aumenta após a infecção pelo vírus da hepatite B. Por exemplo: o risco de doença renal crônica terminal, com necessidade de terapia dialítica, é 3,5 vezes maior em pacientes com DM2 infectados pelo vírus da hepatite B.

Desse modo, pessoas com diabetes são consideradas de risco para hepatite e devem ser vacinadas de modo a desenvolverem anticorpos protetores (o DM pode diminuir a eficácia da vacina).

O esquema vacinal até os 19 anos é realizado em 3 doses: ao nascimento, com 2 meses e aos 6 meses. Na faixa etária dos 20 a 60 anos ou mais também é feito em três doses: 0 – 1 – 6 meses. Deve ser feita sorologia 1 a 2 meses após o término do esquema de vacinação. As gestantes, se não receberam a vacina previamente, também devem ser vacinadas.

NOTA: A vacina para hepatite combinada A&B é uma opção e pode substituir a vacinação isolada para as hepatites A e B.

Doenças causadas pelo vírus Varicela zoster (VYZ)

Cerca de 98% dos adultos brasileiros, ao chegar aos 60 anos, têm histórico de varicela, portanto, podem desenvolver herpes zoster (HZ).

Após a primo-infecção, o VYZ, que clinicamente se manifesta como varicela (infecção altamente contagiosa que causa uma irritação cutânea com bolhas na pele), fica latente nos gânglios nervosos cervicais e dorsais profundos.

O quadro de HZ (reativação do vírus da varicela no organismo, causando erupções cutâneas extremamente dolorosas na distribuição dos dermátomos*) ocorre em situações de baixa da imunidade específica contra o VYZ. Alguns grupos, entre eles, o de pessoas com DM2, apresentam risco aumentado para a doença. Além disso, elas apresentam risco 18% maior para neuralgia pós-herpética (NPH) do que a população em geral.

(*) Os dermátomos são determinadas áreas do corpo inervadas por nervos sensoriais que têm origem em apenas uma raiz nervosa.

NOTA: A NPH é uma dor persistente por mais de três meses após a resolução das lesões de pele observadas no HZ. O HZ é uma erupção cutânea dolorosa na distribuição do dermátomo.

A vacinação para crianças entre 0 e 10 anos é feita em duas doses (aos 12 meses e entre os 15 e 18 meses). Duas doses são igualmente indicadas para os adolescentes (10 e 19 anos), sendo que para menores de 13 anos o intervalo entre elas deve ser de três meses e de um a dois meses, a partir de 13 anos.

Para adultos suscetíveis de 20-59 anos são indicadas duas doses com intervalo de um a dois meses. A vacina é contraindicada para gestantes.


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