Sexualidade na gravidez

O assunto da função sexual na gravidez ainda é cercado por numerosos tabus, movidos por ignorância e preconceitos culturais, pessoais ou religiosos. Talvez por todos esses motivos, dificuldades sexuais são bastante frequentes durante a gravidez, afetando entre 40% e 70% das mulheres em algumas culturas. A maioria dos casais se preocupa com as modificações que ocorrem durante a gestação e com possíveis repercussões negativas da atividade sexual sobre o feto e a gravidez.

No entanto, durante o sexo, o corpo da mulher libera hormônios e substâncias químicas que estão relacionados ao bem-estar e prazer. Essas sensações, não só do ponto de vista da ausência de doenças, mas de uma maneira geral, são fundamentais para o bom desenvolvimento da gravidez.

A disposição para a prática sexual e a libido variam de casal para casal conforme o avanço da gravidez. A maioria das mulheres mantém atividade sexual durante a gestação, porém com padrão diferente em relação ao período pré-gestacional (*). Estudos mostram que a frequência sexual cai ao longo das semanas gestacionais: no primeiro trimestre, 96% das mulheres relatam penetração vaginal. Enquanto que no terceiro trimestre, apenas 67%.

(*) – A gravidez é caracterizada por modificações bioquímicas, funcionais, anatômicas e emocionais que se iniciam logo após a implantação do ovo na parede uterina. Todas essas alterações acabam por interferir no comportamento sexual da maioria das gestantes, em graus e formas diferentes.

NOTA: No pós-parto, muitas mulheres continuam a relatar declínio no interesse, desejo ou libido sexual, porém 80% dos casais restabelecem relações sexuais até a 12ª semana após o nascimento do bebê.

O primeiro trimestre é o período dos enjoos, vômitos, da dor nas mamas, do cansaço e do sono excessivo, coisas que não combinam muito com o desejo de ter relações sexuais. Entretanto, se não houver nenhuma restrição médica, nada impede a atividade sexual nesse período.

No segundo trimestre, as náuseas e o cansaço acabaram e muitas gestantes sentem-se mais bonitas, com mais energia e com maior sensibilidade nos órgãos genitais (devido ao aumento da irrigação sanguínea na região pélvica), o que pode trazer mais prazer nas relações sexuais. Todas essas mudanças podem, e devem, ser conversadas com o parceiro.

A barriga grande no terceiro trimestre representa um desafio, mas nada que não possa ser contornado com novas posições a serem definidas pelo próprio casal (**) (de lado, com a mulher por cima ou nos quatro apoios). Se a gravidez estiver transcorrendo normalmente, a atividade sexual pode acontecer até o momento da rotura da bolsa e o nascimento do bebê.

(**) – Existe alguma posição ideal? Até aproximadamente a metade da gravidez é pouco provável que o tamanho da barriga seja um empecilho a qualquer posição sexual.

A partir da segunda metade pode ser que a mulher fique desconfortável quando deitada de costas sem inclinação ou deitada sobre o abdome (de bruços). O posicionamento de travesseiros ou almofadas sob a cabeça ou sob o quadril promovem inclinações do tronco que podem ajudar o intercurso sexual desviando do útero gravídico.

Posições nas quais a mulher consegue controlar a profundidade de penetração vaginal podem ser vantajosas à medida que a gravidez avança. Posicionamento da mulher em quatro apoios ou de lado, com o parceiro por trás, evitam o contato direto com o ventre materno.

A mulher não deve se sentir frustrada se não atingir o orgasmo. O importante é passar um tempo de qualidade com a pessoa que se ama.

É importante lembrar que sexo não é somente penetração vaginal. A gravidez pode ser um desafio, mas também é uma excelente oportunidade para o casal expressar sua sexualidade e sua intimidade de diferentes formas e explorar outras áreas erógenas além dos órgãos genitais.

E quando as grávidas não podem fazer sexo? Algumas situações restringem a prática de penetração vaginal ou atividade sexual vigorosa durante o processo gestacional. São elas:

  • Risco ou histórico de aborto espontâneo;
  • Risco de parto prematuro (contrações frequentes e dolorosas, colo curto, incompetência istmo cervical);
  • Sangramento vaginal (antes da causa ser conhecida);
  • Problemas no saco amniótico (rotura de membranas);
  • Histórico de insuficiência de colo do útero;
  • Placenta prévia ou placenta baixa (quando a placenta está cobrindo o colo do útero);
  • Descompensação de doenças clínicas maternas (cardiopatia);
  • Gestações de gêmeos, trigêmeos etc.

NOTA: Em alguns casos, o médico pode recomendar que se utilize preservativo (camisinha), pois o sêmen pode estimular, em algumas mulheres, contrações uterinas.

Dificuldades sexuais durante a gestação podem levar a estresse, ansiedade e problemas maritais que podem afetar negativamente a qualidade de vida do casal. Para tirar todas as dúvidas sobre sexo na gestação ou antes de se decidir pela abstinência sexual, a gestante deve conversar com seu parceiro e seu médico.

O pré-natal é uma excelente oportunidade para que o casal expresse seus medos, esclareça suas dúvidas, receba informações corretas e descubra novas abordagens sexuais que possibilitem a manutenção de sua intimidade física, satisfação emocional e qualidade de vida durante essa fase de suas vidas.

De qualquer modo, a futura mamãe deve sempre respeitar seu corpo e suas vontades e levar em consideração aquilo que a deixa mais confortável e segura. As sensações mudarão ao longo do processo e cada fase deve ser usada para que a mulher se conheça um pouco melhor.


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