Gravidez na adolescência

A adolescência constitui um período de transição, de passagem da infância para a vida adulta, e carrega diversas e constantes mudanças e adaptações. Dentre os problemas de saúde nessa faixa etária, a gravidez tem sido um grande desafio e deve ser considerada um tema de saúde pública, devido aos riscos à saúde da mãe e do bebê.

Apesar da redução vista nos últimos anos, a gravidez na adolescência – considerada a que ocorre entre os 10 e 19 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda é uma situação comum a muitas famílias e tem como uma das principais causas a falta de acesso à informação. O assunto preocupa porque ele está diretamente ligado à saúde física e emocional dos jovens, sem falar nas consequências sociais, como evasão escolar e maior taxa de desemprego.

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), um em cada sete bebês é filho de mãe adolescente e a cada hora nascem 48 bebês no Brasil de gestações na adolescência. Do total dessas gestações, 66% não são intencionais, ou seja, a cada 10 adolescentes que engravidam, 7 afirmam ter sido sem querer.

Apesar de haver uma redução nas taxas de gravidez na adolescência na última década (2000 a 2019) – a taxa de fecundidade em adolescentes de 15 a 19 anos caiu 40,7% e entre as de 10 a 14 anos, 26,5% (DATASUS/SINASC) – ela ainda é alta, quando comparados a outros países: 68,4/1000 no Brasil; 66/1000 na América do Sul; 28/1000 na América do Norte (PAHO, WHO, UNFPA e UNICEF).

Mas o que ainda faz com que isso aconteça com tanta frequência no Brasil e no mundo? Existem aspectos culturais e socioeconômicos que têm grande influência. No entanto, a falta de informação é uma das principais causas: adolescentes que não têm acesso à escola ou têm apenas a educação primária estão quatro vezes mais suscetíveis à gravidez precoce do que aquelas que fizeram o ensino médio ou o ensino superior.

Além disso, podemos citar a descoberta precoce da sexualidade, a pobreza extrema, a violência sexual, o abandono, a ingenuidade, a submissão, a vergonha em solicitar o uso do preservativo pelo parceiro, o desejo de estabelecer uma relação estável, a falta de conhecimento adequado de como usar e acesso a métodos anticoncepcionais, a expectativa de mudança social e de obtenção de autonomia por meio da maternidade etc.

Uma gravidez na adolescência tem consequências em diversas esferas. Ela pode ocasionar problemas de saúde, prematuridade, anemia, aborto espontâneo, eclampsia, depressão pós-parto entre outros, além do alto risco de que a adolescente venha a óbito na gravidez ou no parto.

A falta de apoio da família e de acompanhamento da gestação (pré-natal) contribui para que as adolescentes deixem de receber informações adequadas em relação à alimentação adequada durante o processo gestacional, sobre a importância da amamentação e a vacinação da criança.

Também é grande o número de adolescentes que se submetem a abortos inseguros, seja por meio do uso de substâncias e remédios, seja em clínicas clandestinas, o que pode trazer riscos para sua saúde e até mesmo risco à sua vida, sendo uma das principais causas de morte materna.

Nesse momento da vida, o menino e a menina não têm maturidade para assumir plenamente o papel de mãe ou de pai, o que pode gerar problemas emocionais para a família toda. Nesse contexto, é importante buscar o apoio de profissionais da psicologia.

Além disso, os custos de uma gravidez, do parto precoce e do sustento de uma criança podem ser elevados, dependendo do contexto em que a jovem está inserida, e agravar as condições socioeconômicas da família, impactando diretamente sua qualidade de vida.

Como evitar gravidez na adolescência? Informações e ações nesse sentido devem vir de diversas áreas, como família, comunidade, instituições, o Estado etc. Especificamente em casa, o diálogo entre mães, pais e responsáveis com os adolescentes é imprescindível. Meninos e meninas devem ser orientados a agir com sensatez e responsabilidade e identificar situações de abuso. A educação sexual deve começar desde cedo e, em determinado momento, é preciso falar sobre métodos contraceptivos e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.

Como lidar com gravidez precoce? Em caso de suspeita de gravidez, é importante lembrar à possível gestante que ela não está sozinha e o envolvimento do pai da criança também faz parte disso. Por mais que a situação não seja esperada pela família, o acolhimento e a busca por orientação médica são fundamentais para lidar com a questão da melhor forma possível, de modo a preservar a saúde da mãe e da criança.

O exame para confirmação da gravidez pode ser feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou em laboratório com requisição médica. Uma vez confirmado o processo gestacional, deve-se dar início ao pré-natal, de preferência com a participação do pai da criança e com o apoio da família da gestante.

Em famílias nas quais existe o hábito da conversa, os adolescentes, meninos e meninas, recebem orientação sobre a vida sexual, a situação pode ser diferente e a sexualidade mais bem aproveitada no momento certo. Em suma, a informação e o diálogo aberto são as melhores ferramentas para se evitar a gravidez na adolescência!


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