Importância do comparecimento e da realização de exames no pré-natal

O chamado pré-natal é o acompanhamento (médico e/ou de enfermagem) da gestante, desde a confirmação da gravidez até o parto, que tem como objetivo cuidar da saúde do bebê e da gestante. Sua realização representa, portanto, um papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias, tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do feto e reduzindo os riscos da gestante.

Ele permite, ainda, o intercâmbio de experiências e conhecimentos com os profissionais de saúde, de modo a melhorar a compreensão da mãe sobre o processo gestacional e sobre o parto, além de orientá-la sobre como cuidar do recém-nascido (puericultura).

NOTA: Por se tratar de um período repleto de mudanças na rotina e no corpo da futura mamãe, é fundamental que ela e todos aqueles que participam da gestação sejam orientados a respeito de como se adaptar a essas mudanças, que ocorrem desde as primeiras semanas.

O pré-natal fornece orientações essenciais sobre as alterações físicas – características da gravidez; hábitos de vida, higiene, vestuário e sono; a necessidade de manutenção de um estado nutricional apropriado; medicações que possam afetar o feto ou mesmo o parto; bem como sobre apoio psicológico para o enfrentamento da maternidade e o tratamento dos sintomas típicos da gestação.

Além disso, o pré-natal:

  • permite a identificação de doenças já existentes, que evoluem de forma silenciosa, e podem interferir no bom andamento da gravidez, como a hipertensão arterial, o diabetes, as doenças do coração, as anemias, a sífilis etc. – ou que sejam intercorrências previsíveis da gestação. Seu diagnóstico, portanto, permite a introdução de medidas terapêuticas que evitam maior prejuízo à mulher, não só durante a gestação, mas por toda sua vida;
  • detecta problemas fetais, como malformações. Algumas delas, quando identificadas em fases iniciais, permitem o tratamento intraútero e proporcionam ao recém-nascido uma vida normal;
  • avalia aspectos relativos à placenta que, quando apresenta localização inadequada, pode provocar graves hemorragias com sérios riscos maternos;
  • identifica precocemente a pré-eclâmpsia (*), ou seja, a elevação da pressão arterial, com comprometimento da função renal e cerebral, que pode ocasionar convulsões e coma. Essa condição é uma das principais causas de morte no Brasil.

O pré-natal, em termos de risco, pode ser de dois tipos:

  • Risco habitual: destinado à gestante que não apresenta nenhum tipo de comorbidade (condição física ou mental que pode potencializar o risco à saúde) ou doença que possa se agravar no período da gestação;
  • Alto risco: destinado a mulheres que já possuem ou que vão desenvolver durante a gravidez alguma patologia que pode afetar diretamente a gestação, por exemplo, as que já são hipertensas. Para esses casos, além do olhar especializado do obstetra, outros especialistas serão envolvidos, dependendo do problema, como enfermeira obstetra, nutricionista, psicólogo ou fisioterapeuta. 

O Ministério da Saúde preconiza, atualmente, um mínimo de seis consultas para o acompanhamento de pré-natal: uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro.No entanto, a frequência ideal desse acompanhamento é um pouco maior: ao menos uma consulta por mês e visitas mais frequentes nas últimas semanas de gestação.  As informações principais da gestante e do bebê devem ser anotadas no Cartão da Gestante a cada consulta, para que a evolução da gravidez esteja sempre à mão.

NOTA: Como muitas mulheres descobrem que estão grávidas já com a gestação adiantada (entre 18 e 20 semanas), muitas vezes a realização do número mínimo de consultas fica prejudicada.

Nas consultas, são abordados fatores físicos (seu estado geral, sinais vitais, queixas como enjoo, azia, dor de cabeça etc.) e emocionais da mulher (como ela lida com a gravidez, se ela foi desejada ou não, como está sendo para ela a evolução do processo gestacional etc.). Elas têm também um caráter educativo, de modo a preparar a futura mamãe para o parto e para o aleitamento.

Alguns procedimentos devem ser realizados em todas as visitas do pré-natal: o cálculo e a anotação da idade gestacional, o exame físico e ginecológico, a verificação de peso da gestante, a medição do crescimento da barriga, a ausculta do coração do bebê, a análise de pele, mucosas, mamas e a verificação de edemas, bem como a palpação obstétrica e a medida da altura uterina.

A pressão arterial da mãe deve ser igualmente monitorada, de modo a verificar a ocorrência de qualquer alteração que possa evoluir para uma eclâmpsia ou pré-eclâmpsia. Algumas mulheres desenvolvem doenças hipertensivas durante a gestação.  Elas podem ser controladas com medicamentos, atividade física e alimentação com restrição da ingestão de sal até o fim da gestação. Podem ainda ser prevenidas e tratadas infecções urinárias, a obesidade na gravidez e o diabetes gestacional.

NOTA – Eclâmpsia: condição rara que provoca convulsões na mulher durante a gravidez. É uma complicação da pré-eclâmpsia (*), quando a pressão arterial está acima de 140/90 mmHg após a 20ª semana de gravidez, com desaparecimento até 12 semanas pós-parto.

Quando essas doenças não são prevenidas e tratadas, elas podem afetar o bebê (restrição do crescimento intrauterino por causa de doenças hipertensivas ou o contrário – macrossomia fetal – no caso das diabéticas) e desencadear partos prematuros, sequelas e até mesmo o óbito fetal. 

Com relação aos exames pré-natais, muitos deles já são realizados durante toda a vida da mulher. Alguns são repetidos a cada trimestre e outros solicitados apenas na primeira consulta do pré-natal, para verificar o estado de saúde geral da gestante. Os principais são:

  • Tipo sanguíneo – Um dos exames mais relevantes no início da gestação, a testagem do tipo sanguíneo é fundamental para a saúde do bebê. Se o fator Rh for negativo na mãe e positivo no pai, é necessário fazer um tratamento para evitar que o feto desenvolva anticorpos prejudiciais para o próprio corpo;
  • Hemograma: pode ser solicitado com mais frequência, com o objetivo de verificar e garantir que a hemoglobina esteja sempre em taxas normais;
  • HIV: para identificar, no sangue, a presença do vírus causador da AIDS. Trata-se de um exame muito importante para a gestante, pois a identificação do vírus permite o tratamento com medicações que impedem a transmissão vertical da doença;
  • Sorologia para sífilis – a ocorrência de sífilis na gestação pode ser prejudicial para o bebê, mas, se tratada adequadamente, pode ser evitada a transmissão vertical. Recomenda-se que o exame seja feito no primeiro e no último trimestre da gestação;
  • Sorologia para hepatite B – deve ser realizada no primeiro trimestre da gestação com o intuito de adotar, em caso de diagnóstico positivo, medidas que reduzam a possibilidade de transmissão vertical;
  • Sorologia para toxoplasmose – o Toxoplasma gondii é um microrganismo extremamente perigoso para o desenvolvimento do feto, pois pode causar danos ao sistema nervoso e à visão do bebê. Sendo assim, é fundamental detectar, no primeiro trimestre da gestação, se a mulher está ou já foi infectada;
  • Glicemia – para detectar se a gestante desenvolveu diabetes gestacional. Deve ser feito nos três trimestres da gravidez.
  • Ultrassonografia obstétrica – é feita com frequência para acompanhar o crescimento e o desenvolvimento do bebê;
  • Rastreamento de estreptococos do grupo B – esse exame deve ser feito algumas semanas antes do parto, para identificar a presença dessa bactéria na região vaginal. Caso dê positivo, devem ser adotadas medidas no momento do parto, para evitar problemas como a infecção generalizada no bebê.

O pré-natal, além de ser primordial, é um direito assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para todas as mulheres. Todas as gestantes têm o direito de serem acompanhadas, acolhidas e receberem toda a assistência necessária para o período. Desse modo, a mulher precisa entender que a assistência é um direito dela e que ela deve buscar esse direito para que possa caminhar dentro do processo gestacional com a qualidade que ela precisa. 


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